“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão.” As palavras de Jesus, neste domingo, parecem ser muito duras, mas devem ser bem interpretadas. Muitos cristãos, ainda hoje, utilizam-se de palavras “severas” da bíblia para impor a moralidade dos costumes, pela massificação da ameaça. Pregações deste gênero usam do medo como forma de coerção, afirmando que muitos serão condenados e que o mundo está inundado no pecado. Mesmo que os valores cristãos estejam cada vez mais ausentes ou pervertidos em nossa sociedade, a nossa postura jamais deve ser de condenação, de imposição. A liberdade é valor primordial a partir de onde se constrói a fé e a vivência cristã.
A primeira vista, poderíamos considerar que Deus seja severo, que deseje a salvação de um número de pequeno de escolhidos, já que o caminho para encontrá-lo é duro, estreito, árduo. Na verdade, Deus não deseja a condenação de ninguém, quer que todos se salvem. Jesus sugere que o banquete do Reino é para todos.
É preciso entender o contexto das palavras do Senhor: Jesus está respondendo aos judeus de sua época, que se achavam os escolhidos, os salvos. Consideravam que sua salvação estava garantida pela raça e pela prática dos costumes e da lei. Hoje a Palavra não nos coloca como justos e juízes do mundo; corremos o risco de nos considerarmos salvos porque pertencemos a Igreja ou a algum grupo, pastoral ou movimento. Podemos erroneamente achar que a nossa salvação está garantida por uma prática exterior da lei, que de algum modo já compramos o passaporte da salvação. Exatamente aqueles que estiveram junto de Jesus, comendo com Ele e ouvindo seus ensinamentos poderão estar reclamando a salvação: “Nós fomos a missa todo domingo, nós participamos de encontros e pregações, nós até fomos às festinhas da paróquia!” A resposta pode nos surpreender. Ninguém tem o passa-porte do Céu. A salvação é um dom. Ninguém se salva com garantias exteriores ou por pertencer a um grupo religioso.
Deus não é mesquinho. A salvação não depende de raça, de religião, de nacionalidade. Também ninguém pode julgar, a não ser o próprio Deus, pode ser juiz dos vivos e dos mortos. A religião não é um conjunto de regras para se chegar ao céu, mas a acolhida de um dom que nos garante a felicidade, construída passo a passo pelo auxílio da graça, até que este dom desabroche totalmente, seja pleno. A salvação é abertura que nos coloca a caminho, na humildade.
A porta estreita do Reino é a cruz de Cristo. Cristo já entrou e nos mostrou o caminho. Não nomeou nenhuma prática ou sinal exterior como garantia. A porta estreita são as exigências do Reino, ou seja, aquilo que nos dá a vida, a felicidade, a paz. Para se abraçar desde já este dom, faz-se necessário a renuncia do poder, da mesquinhez, do orgulho, do prazer pelo prazer, do julgamento, do coração apegado aos bens, da falta da misericórdia. A porta estreita é a renuncia de si mesmo, em busca de uma vida que se transforma em dom, e ali descobre o seu sentido.
A porta estreita do Reino é a cruz de Cristo. Cristo já entrou e nos mostrou o caminho. Não nomeou nenhuma prática ou sinal exterior como garantia. A porta estreita são as exigências do Reino, ou seja, aquilo que nos dá a vida, a felicidade, a paz. Para se abraçar desde já este dom, faz-se necessário a renuncia do poder, da mesquinhez, do orgulho, do prazer pelo prazer, do julgamento, do coração apegado aos bens, da falta da misericórdia. A porta estreita é a renuncia de si mesmo, em busca de uma vida que se transforma em dom, e ali descobre o seu sentido.
A porta estreita é também o enfrentamento dos sofrimentos da vida. A ignorância religiosa faz com algumas pessoas considerem o sofrimento como castigo de Deus. Mas Ele não castiga. Deus não é culpado pelo sofrimento, mas o permite, pois somos limitados, seres em construção a caminho da comunhão divina. O sofrimento tem também um lado positivo: fortifica nossos passos vacilantes. A verdade trazida pela carta aos Hebreus é o sentido pedagógico do sofrimento: crescemos a partir da dor, a partir das perdas, quando compreendemos o quanto somos limitados, contingentes e que não somos donos de nada. A dor, não buscada como fim, mas como dado natural da existência nos edifica, faz-nos crescer. As dores da vida podem ser motivos de ação de graças, se formos capazes de olhar a história com os olhos de Deus.
Conferir a parábola do ferreiro: “Sabedoria em Parábolas” – p. 38/39.
Conferir a parábola do ferreiro: “Sabedoria em Parábolas” – p. 38/39.
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