Tradutor

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified
By Ferramentas Blog

Seguidores

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

“Iniciação Cristã” Ou “Iniciação À Vida Cristã"?


Ir. Nery iniciou sua conversa se apresentando. Desde os 14 anos, Israel José Nery decidiu ser religioso, ou como ele diz um "leigo consa-grado", dedicando 24 horas por dia aos mandados e ensinamentos do Senhor. Formado em Teologia e Filosofia em Roma, hoje, o Irmão Nery, como é mais conhecido, é considerado uma das maiores referências da catequese no País. O Irmão Nery vem de uma família numerosa e carrega no sangue a mistura das etnias judaica e francesa. Seus pais, primos entre si em primeiro grau e devotos de Nossa Senhora Aparecida, decidiram que todos os filhos tivessem terminação nominal em "el" e as filhas levariam o nome "Maria", em homenagem à mãe de Jesus. Assim, na sua casa nasceram: Israel, Rafael, Gabriel, E-zequiel, Josuel, Maria da Penha, Maria de Fátima, Maria Auxiliadora. 7. INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ: INTRODUÇÃO Ir. Nery comentou que antes de falar sobre “Iniciação Cristã” ou ainda “Iniciação à Vida Cristã”, precisa levar o grupo a refletir sobre alguns pressupostos, um tanto históricos, para compreensão desse método que hoje a Igreja tenta resgatar – o catecumenato. a. Como educar na fé? O primeiro único jeito de educar na fé é educar na ternura. Do contrário repetiremos o epi-sódio onde Jesus disse “podeis estar atirando pérolas aos porcos...” (Cf. Mt 7,6). O segundo ponto para fazer catequese é criar o clima de comunitariedade. Precisamos uns dos outros, precisamos da roça para viver na cidade e a maior parte das pessoas não pensa isso. Precisamos fazer na catequese uma retirada do estilo escolar e implantar o estilo comunitário: “onde duas ou mais pessoas estive-rem reunidas em meu nome...” (Cf. Mt 18,20). Não se deve preocupar em ensinar doutrinas, orações e afins, em primeiro lugar. Nossa pri-meira preocupação deve ser a de cuidar das pessoas, valorizar as pessoas, fazer pequenos grupos, pequenas comunidades. Esta é a saída para a Igreja. Nossas paróquias são escravas da burocracia. Como receber a eucaristia sem fazer um instante de comunhão, de encontro com a assembléia reu-nida? Como fazer comunhão numa assembléia de centenas de pessoas? Basta de liturgias engoma-das e burocráticas! É preciso receber a tarefa, a missão. b. Igreja: Assembleia dos Convocados Assembléia, do hebraico, significa “assembléia dos convocados”. Para entendermos o catecumenato é preciso antes entender dois termos: kerux e ekklesia. O primeiro é o nome dado ao “anunciador”, quem convoca o povo na ekklesia. É o arauto, o comuni-cador, o provocador que chamava todo o povo a ouvir a mensagem. Ekklesia é a grande assembleia do povo, onde o próprio kerux vai falar-lhe. Ele vai dar a notícia de que geralmente é uma boa noti-cia, mas nem sempre o é. O que faz a Igreja cristã? Ela começa a entrar na igreja cristã e usar cos-tumes gregos. Todo aquele que chamar para falar sobre Jesus é um arauto, um convocador. Não se sabe por que no Brasil se tem a noção de “templo de pedra”, pois “igreja” significa “assembleia convocada”. Do grego, se o imperador não pode falar, ele manda alguém. Cria-se o representante de Jesus. Esse representante vai falar em nome de e, assumindo tal função, vai falar a boa notícia. c. Os Evangelhos: a Boa Notícia dos Cristãos Mateus, Marcos, Lucas e João são as quatro linhas de entendimento da catequese. Os pri-meiros são sinóticos, isto é, semelhantes. Podemos fazer uma coluna com os três e descobrir que Mateus copiou Marcos. Entretanto ele sabia algumas coisas que Marcos não sabia. Percebemos, também, que Lucas copiou os dois e acrescentou coisas que os outros dois não sabiam. João já entra em outra categoria, pois não quis copiar nada. Esse “bêábá” é indispensável, mas há outra coisa que é mais importante e, assim pensando, escreveu a comunidade de João o seu evangelho. O mundo muda muito e o tempo todo. Se falarmos de amor num auditório, cada um tem sua definição. Sobre Jesus, mais ainda o povo falaria o que pensa, cada indivíduo, cada comunidade, da sua maneira. É preciso entrar num acordo de vez em quando, para obtermos um diálogo sobre RICA e Iniciação Cristã comum. d. Da cultura antiga e as religiões mistéricas para a iniciação cristã Uma das palavras fundamentais nas culturas antigas é “iniciação”. Mundo grego: quando o cristianismo chega nele, os judeus, apóstolos abençoados, começam a ver o costume dos povos e descobrem as religiões mistéricas. A palavra “mistério” não assume o conceito popular de hoje. “Mistério” é um segredo. Também não é algo que as pessoas não tem capacidade de entender, mas, no mundo grego, é algo ainda não revelado. “Religião mistérica” vem a ser o seguinte: introduz-se a pessoa no caminho e vai-se revelando à pessoa, o que a religião é e diz: “um dia você vai ter a revelação do nosso maior segredo”. Só depois do percurso caminhado é que se tem a condição de se ter a revelação do segredo. Basta seguir o caminho para chegar ao mistério. O que é mistério para os cristãos? É o segredo amoroso que Deus só revela à pessoa de sua confiança. Quando a igreja cristã vê as religiões mistéricas, percebe-se que tem pontos fundamentais chamados “revelação do mistério”. Iniciação é colocar pessoas num itinerário, num caminho, a-companhá-la e ir revelando-lhe aos poucos e deixando-a chegar à autonomia de caminhar para o en-contro do mistério que é o encontro pessoal intransferível. Se entra no caminho, no itinerário, é a-companhado, vai sendo revelado aos poucos os segredos, a pessoa se afasta em determinado mo-mento quando tiver autonomia de caminhar por si mesma. Ninguém pode encontrar o Senhor no lu-gar do outro. Do latim In pire: ir é caminhar. Entrar no caminho. Continuar caminhando. A partir de hoje este grupo ao ouvir “iniciação” vai entender uma ação que introduz no caminho, itinerário que tem passos a serem dados. Maturidade, descoberta, leva a caminhar por si. É preciso levar as pessoas a irem pesquisando, descobrindo os segredos, não contando os segredos para ela. Este é o papel do in-trodutor, primeiramente. Em segundo, do catequista. Pessoas que acompanham, motivam, não que dão aula. Nossa Igreja vem do hebraico, grego e latim. É preciso voltar ao hebraico, para se converter a igreja. Temos muito mais da sabedoria grega que bíblica. “Sabedoria” vem de “sabor”. Sabedoria é a arte de saborear o dom da vida, da presença do outro, a natureza, a pintura, a música, tudo que existe. Como perdemos o dom de saborear, a sabedoria, entramos na sabedoria tentando descobrir o que é uma árvore. Não somos contra a ciência, mas antes da ciência, somos gente. Muitas vezes fa-zemos da religião uma ciência. É preciso voltar à ciência do “todo”. As faculdades ensinam as dis-ciplinas de forma muito mesquinha e “quadrada”. São tijolinhos que não tem conexão entre si. Nossa Igreja, infelizmente, faz a mesma coisa. Tijolinhos, que não estão interligados. Não adianta pastoral de conjunto, mas de organismo. É impossível ser catequista sem estar intimamente ligado à Pastoral da Família, à Pastoral da Juventude, à Pastoral da Criança, a quem cuida da preparação do batismo, às Pastorais Sociais. Os catequistas devem estar interligados com toda a comunidade. As comunidades muitas vezes vão mal porque não há catequese nelas. O mundo tem dicotomizado as coisas e esse é um perigo. e. A importância do “encontro” para a conversão É preciso responder ao apelo de Jesus: para que todos sejam um. Esse itinerário vai esbarrar no caminho longo. Perdemos a tradição do padrinho e da madri-nha. Depois vem o cursinho pré-vestibular para receber Jesus na Eucaristia. Somos doutores em produzir documentos e super doutores em não conseguir fazê-los chegar ao povo. Existe uma situa-ção complicada para nós, não ter raízes, bases, fundamentos para todos. Temos muito milagres no Brasil: ter acesso à Bíblia. Devemos muito a Carlos Mesters, ao CEBI, se não fosse isso, o povo não teria a bíblia na mão ou se tivesse não a compreenderia. É preciso dedicar tempo para que o povo se encontre. O ato de encontrar é muito importante, o maior de todos. É preciso criar nas paróquias o senso de “comunidades” e “grupos”. O senhor quer se manifestar às pessoas, mas na comunidade. É preciso criar um clima para se proclamar a Palavra de Deus. Criar uma noção nova de “I-greja”. Igreja é assembléia convocada por Deus para ouvir o Senhor, prestar culto ao Senhor, receber a missão. Entretanto, a Igreja introduziu a partir de Jesus um passo a mais: somos convo-cados como povo, para proclamar a bíblia, prestar culto, adoração, louvores... alimentar-se do próprio Senhor e receber a missão. Para acontecer a igreja é preciso a conversão de cada um que se dá através do chamado das pessoas. É preciso que alguém proponha o Senhor. A evangelização é prioritária e urgente. Sem eles o Senhor não é revelado. Quem não aparece, não existe. No mundo de hoje existe uma guerra para se aparecer. Mas se não se anuncia Jesus, ninguém vai saber quem ele é. Mas existe muitos jeitos de anunciá-lo e a pergunta fica: qual o nosso jeito? Tendo anunciado a essa pessoa e ela quer entrar no caminho para o mistério, nas primeiras comunidades, podia participar da Liturgia da Palavra. Quando terminava a Liturgia da Palavra o presidente dizia que podiam se retirar, pois não estavam iniciados no mistério da Eucaristia, não participavam/conheciam o mistério. Era o momento de irem com seus catequistas para trabalhar na formação desse conhecimento. Era feita uma bênção e delicadamente pedido para se retirarem. Os que eram iniciados, celebravam. Temos que colocar o sacramento no seu devido lugar, pois se con-tinuar a sacramentalizaçao como está, esta igreja vai morrer. No séc. V descobre-se o itinerário para se chegar ao segredo, chamado “iniciação cristã” ou “iniciação à vida cristã”. A diferença entre estas duas residem: 1. a) Preparação para receber os sacramentos da iniciação cristã (batismo, confirmação e eu-caristia); b) a partir do batismo, já se pertence à trindade; 2. Já o segundo: a) iniciar alguém a ser discípulo missionário de Jesus. A meta não é chegar aos sacramentos, mas ser discípulo missionário de Jesus. b) os sacramentos passam a ser alimentação da caminhada e não ponto de chegada. c) não existe ponto de chegada na iniciação à vida cristã, pois serão eternamente educáveis na vida do Senhor. A igreja tomou consciência que tem que se converter. Ir. Nery fez o exercício de levar todo o grupo a colocar-se de mãos abertas para uma oração de agradecimento, que contempla o grupo como templo, canal da manifestação de Deus. Com as mãos abertas, cada participante dispôs-se a acolher e colocar-se à serviço. Com as mãos abertas, também agradecer as pessoas que estimularam a participação na Assembleia. Também colocou nas mãos a família, a comunidade, o CAP, a equipe que coordena o Encontro, os funcionários, cada par-ticipante, estes dias. Que a partir da Sagrada Palavra, o grupo seja convertido e convertedor. Agra-decer por esta tarde, pela riqueza, os participantes inclinaram-se para agradecer e dar glória por isso tudo. 8. MÍSTICA DA TARDE: DANÇA SAGRADA, CIRCULAR Ir. Jorge Luis Lapa Maia, da congregação dos Irmãos Maristas, da Diocese de Rio Branco, conduziu a mística da tarde do primeiro dia, com a chamada “Dança Sagrada”, uma Dança Circular, no sentido de roda, de mãos dadas, braços relaxados. O grupão foi organizado de modo a fazer três grandes rodas no salão, uma dentro da outra, todos de mãos dadas. Os passos desta Dança Circular são os seguintes: a) dois passos para a direita, juntando os pés (representando o dia-a-dia da pessoa humana na terra: o movimento, as ações, as conquistas); b) dois passos para o centro, iniciando com o pé esquerdo, juntando os pés (representando a necessidade da pessoa humana estar em contato com sua essência interna para vitalizar-se); c) dois passos para trás, iniciando com o pé direito, juntando os pés (representando o retorno à vida prática, externa); d) um passo para a esquerda, juntando os pés (aparência de retrocesso: representando os fa-tos que não são previstos pela mente concreta, mas que na realidade são verdadeiros impulsos ao crescimento).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A fé cristã é nossa resposta livre e pessoal à Palavra de Deus, que nos interpela em Jesus Cristo(CR nº246). Só quem tem fé, se arrisca no amor de Jesus Cristo! Deixe o seu recado:

2- A EDUCAÇÃO DE ADULTOS NA SAGRADA ESCRITURA

A Bíblia é um livro de adultos e para adultos. São os adultos que têm maior condição de refletir sobre o conjunto da mensagem e tomar decisões a partir da provocação da Palavra da Escritura. A Bíblia é texto essencial em catequese com adultos.

CONCLUSÃO.

2.1- A Revelação Bíblica e os adultos

A Bíblia é um livro escrito por adultos e para adultos.
Mostra o Itinerário de um povo que lê os sinais de Deus na sua história.
Nela os adultos mantêm vivas as tradições, transmitindo de geração em geração os fundamentos da fé (Sl 44. 78).
As festas são espaço de catequese, onde se prevê que o adulto seja o veículo da memória do fato celebrado (cf.: Êx 12,26-27).
As orações e recitações de relatos históricos são elementos importantes na educação da fé dos adultos.
O Shemá, “ouve, Israel”..., núcleo básico da fé de Israel, era rezado diariamente (Dt. 6,4-25) o Credo Histórico do povo de Deus (Dt.26,4-9). As advertências e consolações dos profetas são parte da formação dos adultos (cf. 2o Sm 12,1-14; Jr.7,1-15). Os Sapienciais mostram a diversidade de abordagens em livros escritos com óticas diferentes, conforme o contexto que querem responder .
A Bíblia trata do cotidiano com transparência e honestidade ao expor as fraquezas humanas de grandes figuras da fé.
Dentro dos limites da época e da cultura, promove o respeito à vida, chama à responsabilidade os adultos que precisam se posicionar diante da situação sócio-cultural em que vivem (cf. Dt.30,11-20).
O Novo Testamento mostra a formação dos adultos nas comunidades. Eram eles que se convertiam e levavam a família inteira à nova fé (cf. Lc 24, 13-35; Jo 4, 1-45; Lc 19,1-10; Mt 15, 21-31; At 8, 26-40; 10,1-48 ; 1Cor 11, 17-34 e outros).

Estas reflexões (que não pretendem ser completas) mostram que não se trata de colocar simplesmente a Bíblia na catequese com adultos e fazer a leitura de certos textos. Supõe que o agente saiba usar a Bíblia dentro de uma visão libertadora, dentro do contexto atual da vida, levando a um compromisso em nível pessoal, comunitário e social.

3- PERGUNTAS PARA AJUDAR NO APROFUNDAMENTO DO TEXTO

1. Quais as dificuldades encontradas na sua comunidade com o uso da Bíblia na catequese dos adultos e quais foram os resultados?

2. Dêem algumas propostas concretas que poderiam levar adiante essa questão na sua Diocese e no seu Regional.


BIBLIOGRAFIA
· Como nossa Igreja lê a Bíblia - CNBB - Paulinas – 1995.
· Crescer na Leitura da Bíblia- CNBB- Paulus, 2002
· A Bíblia na Catequese com Adultos - Revista Vida Pastoral de setembro-outubro 2001.
· A Bíblia na catequese - Inês Broshuis - Paulinas 2001.