Proclamação
do dogma da Assunção:
"Pelo que, depois de termos
dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de
verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua
especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e
triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e
para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus
Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa,
pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a
imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida
terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".
Maria foi glorificada por Deus. O dogma
não deixa claro se Maria morreu ou não (ou adormeceu como nos fala algumas
tradições). O texto fala do término do curso de sua vida terrestre. O
que podemos claramente afirmar é que, como Jesus, Maria é glorificada,
ressuscitada, a Rainha do Céu e da Terra, a mulher vestida de sol do
Apocalipse. Eis o significado do dogma da Assunção, proclamado pelo Papa Pio
XII.
São Paulo nos diz
(na segunda leitura) sobre a nossa ressurreição, afirmando que nós também
ressuscitaremos como Cristo. No Apocalipse (primeira leitura) vemos Maria como
sinal glorioso, vitoriosa contra os poderes do mal. Unindo os dois textos,
afirmamos que Maria é o ícone escatológico da Igreja, ou seja ela é
antecipadamente o que desejamos ser. Ela está glorificada, enquanto nós
queremos o mesmo: esperamos participar da glória de Deus no Mundo Novo
prometido por Jesus. Desejamos a ressurreição como Maria já é ressuscitada.
Há uma conexão entre esta vida e a vida
após a morte, de tal modo, que estamos amadurecendo, crescendo rumo à
maturidade em Cristo, ao dom da vida plena, de ressuscitados. “O que é
imperecível é precisamente aquilo que viemos a ser no nosso corpo, o que
cresceu e amadureceu na vida nas realidades deste mundo. O Cristianismo anuncia
a eternidade daquilo que se passou neste mundo (...) É o amor de Deus que nos
torna eternos e a este amor que concede a vida eterna é que chamamos de ‘céu’”
(Bento XVI).
Costumamos coroar Nossa Senhora,
proclamá-la Rainha, colocamos nela coroas e adornos solenes. Tudo isso é um bonito
sinal de nossa devoção a Mãe de Deus, aquela que foi chamada “bem aventurada”,
a “maior de todas as mulheres”, a “mãe do Senhor”, conforme ela mesma foi
chamada por Isabel quando estava cheia do Espírito Santo. Por outro lado, Maria
é mulher humana como nós, que fez o seu caminho de discípula até que Deus a
glorificasse. As lições humanas da discípula Maria são os indicativos para que
caminhemos rumo a Céu, como ela.
1) No Evangelho, Maria não dá a si mesma um título de
“endeusamento”, Maria se auto-entitula humilde
e serva. Em seguida, declara uma realidade: todos me considerarão bem-aventurada, ou seja, no grego, makária, que significa Santa do Reino de
Deus (Lc 1,48). E quem lhe deu esta graça? Foi o Senhor que fez grande coisas
em seus favor, como ela mesmo diz no versículo seguinte. Assim, quem proclamou
Maria como Santa não foi a Igreja, mas o próprio Deus, segundo evangelista
Lucas, e isso aconteceu por ela ser a serva humilde do Senhor. Maria é a
primeira discípula que escuta a Palavra no silêncio, abrindo-se à vontade de
Deus, deixando-se guiar por Ele.
2) Deste modo, existe um caminho seguro
para se chegar a bem aventurança de Maria: a humildade. Ela não quis ser
grande, ela se tornou grande por ser a menor de todas: Maria é a humilde serva
de Javé. O Senhor olhou para a sua simplicidade e humildade. Quantas vezes
queremos ser exaltados, queremos oprimir, queremos o primeiro lugar. Maria, no
entanto, ganhou o primeiro lugar porque se colocou na última posição. Da
humildade nasce seu serviço. Maria é disponível, pronta. Vai às pressas para
ajudar Isabel. É interessante observar que a Escritura relata que a primeira
atitude de Maria após o anúncio do Anjo foi a de ir
ajudar nos trabalhos domésticos de sua prima grávida. Maria nos dá o exemplo:
também nós devemos ser disponíveis ao serviço, aos irmãos, ao trabalho na
Igreja, ao Reino.
3) Maria é “bem aventurada porque
acreditou”. Aqui está um contraponto a Zacarias. Esse era sacerdote do templo,
mas duvidou da promessa divina. Do outro lado está Maria, uma jovem sem
títulos. No entanto, foi ela que
acreditou nas promessas de Deus: Ela é a mãe da fé, que acreditou no Senhor que
ela mesma carregava no seu ventre. A fé nos faz caminhar rumo ao Céu de Maria,
faz-nos antecipar o Céu, dá sustento para que o nosso cristianismo não seja
teórico ou folclórico. A fé impulsiona nossa vida para que sejamos gratuitos
como Maria, fazendo a vida se encher de beleza e sentido.
Que na humildade, no
serviço e na fé vivamos “atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da
sua glória [de Deus]
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